Santa Clara: Clara de nome, de vida e uma luz à nossa espiritualidade.
Santa Clara: Clara de nome e de vida.
Uma luz à nossa espiritualidade.
Santa Clara
e São Francisco foram conterrâneos e contemporâneos. Foi um tempo de mudanças.
Do mundo rural aos burgos (cidades), o final do feudalismo. Na Igreja surgem
comunidades que visam viver a radicalidade do Evangelho. Os sonhos dos jovens
da época poderiam ser grandes, mas o destino era ser um cavaleiro, para os
rapazes, ou casar-se com um cavaleiro, para as moças.
Esse seria
o destino de Clara. Contudo, Deus inspira novas realidades no cotidiano. Para
às mulheres, lhes restava assumir a forma de vida criada por um homem, no caso
das beguinas. Contudo, Santa Clara por inspiração divina e do seu irmão na fé,
São Francisco, cria uma nova forma de viver o Evangelho. Mesmo na vida
monástica, Clara vive em pobreza, com os bens em comum. Isso era um grande
desafio, viver num mosteiro sem bens rentáveis para o sustento. Além disso, a
vida na clausura, foi uma realidade gradual e que se tornou radical no século
XIII. Os papas tentaram interferir na forma de vida das irmãs, mas a
espiritualidade feminina não se deixou encerrar e encontrou outros caminhos.
A vida de
Santa Clara e suas irmãs é contemplativa, marcada pela via do espelho, no qual
se reflete a pobreza, a humildade e a caridade do Filho de Deus. Colocar a alma
e o coração no espelho, é colocar-se nas pegadas, no caminho, de Cristo. Por
isso, três verbos são fundamentais à Clara: olhar, considerar e contemplar. Olhar: a pobreza de Jesus, a encarnação
de Deus. Sair de si e olhar a miséria do outro/a. Considerar: a humildade, o rei envolto em panos na manjedoura. A
humildade que é a negação do poder, Clara conhecia o contexto onde vivia (o
desejo de dominar)
Contemplar: a
caridade. Clara pede que Inês, coloque no espelho a mente, a alma e o coração.
Para Clara o coração é o lugar da aliança com Deus.
Quando se
fala em contemplação, pensamos em natureza, paisagens, céus estrelados, flores
(...). Clara convida para contemplar as realidades desumanas e violentas: no
cimento armado, no barulho, na poluição de nossas cidades, num ônibus lotado,
nas filas. Mas também as maravilhas, a solidariedade, o cuidado e o zelo pelo
próximo. Ela quer nos ajudar, no ordinário da vida, ver o extraordinário de
Deus. Buscar entender não só com a mente, mas com o coração. Contemplar é
abrir-se ao espírito que renova, transforma e impulsiona ao testemunho.
Frei Jorge Huppes OFM
(Contém anotações de Delir Brunelli. das aulas de Pós
em franciscanismo, da Estef de 2017)
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